O Big Brother Português

Foi mais uma tentativa falhada de guardar um Tabu que nunca chegou a existir porque rapidamente todos se aperceberam, ainda o Camarada Centeno estava no governo, que ele tinha os dias contados. O nosso amigo já estava à vários meses com os olhos bem postos no próximo tacho. Desta vez vai para o Banco de Portugal e vai ganhar 3 vezes mais do que ganhava enquanto Ministro das Finanças.

Não vou falar do episódio lamentável da injeção de capital no Novo Banco, aquele “medicamento para curar o vírus” porque todos sabemos que foi mais uma encenação do Dr. Costa e do seu excelso, à data, Ministro das Finanças, Mário Centeno. Como os marretas não ficavam completos sem ele, o Professor Marcelo apareceu e deu um pouco mais de dramatismo à novela “Portugueses: nós gastamos, eles pagam”. Contudo, o Tabu foi fraco e todos sabemos: Centeno quer ir e Centeno vai para o Banco de Portugal. Agora é tempo de analisar as cenas secundárias que sobrevoam este drama.

O PS claro que está a favor, melhor era impossível, é mais uma forma de concretizar o sonho totalitário de controlar Portugal e conseguir colocar “boys” Socialistas em todos os pontos estratégicos.

O PS(D) não poderia estar contra é claro. Alguma vez um ex-ministro das Finanças está em conflito de interesses com o cargo de Governador do Banco de Portugal? Isso é pancada de quem quer fazer oposição e acabar com a União Nacional. Aqueles malvados que gostam de democracia… e ainda por cima obrigam o coitado do Primeiro-ministro a vir de 15 em 15 dias responder a uns tipos chatos que, por acaso, representam os Portugueses. 

O Bloco de Esquerda tem uma posição muito simples. É da banca? É empresário? Não. Então pode ocupar o cargo sem problema nenhum. Vir um tipo da banca para o Banco de Portugal claro que não, agora se vier do governo, mais propriamente do Ministério das Finanças, não há qualquer contratempo. É público, só quer o bem-estar de todos, é claro.

O resto dos partidos não é favorável mas só o PAN, a Iniciativa Liberal e também o CDS é que fizeram alguma coisa; o primeiro apresentou um projeto de lei para impedir esta nomeação e o segundo apresentou uma providência cautelar para que a nomeação não ocorra antes da conclusão do processo legislativo em curso.

O fundo da questão está na independência que é, realmente, posta em causa. Centeno propõe Centeno para que o Conselho de Ministros do qual Centeno faz parte nomeie Centeno para Governador do Banco de Portugal. Mas como isto não cheirava muito bem, Centeno deu a volta. Demitiu-se primeiro, para ser substituído por aquele que foi seu Secretário de Estado durante 5 anos e assim, este propunha o seu nome e, mais uma vez, o Mário passa pelos pingos da chuva sem se molhar. Preocupa-me que a maioria dos Portugueses tenha assistido a este espetáculo sem se aperceber que é com o seu dinheiro e com o seu país que estes Senhores andam a brincar. A Iniciativa Liberal fez o favor de explicar ao país todas as incompatibilidades que esta nomeação acarreta.

Primeiro, uma das principais funções do Governador do Banco de Portugal é avaliar o trabalho desempenhado pelo ex-ministro das Finanças. 

Segundo, o Comité de Auditoria, que deve acompanhar o funcionamento do Banco e o cumprimento das leis e regulamentos que lhe são aplicáveis, foi nomeado inteiramente por Mário Centeno

Terceiro, Mário Centeno vai supervisionar o setor que até à poucas semanas atrás tutelava 

Quarto, Mário Centeno defende um modelo de supervisão em que a inspeção é feita pela IGF, uma entidade que não é independente do governo

Quinto, Mário Centeno vai ter relações diretas com aquele que foi o seu Secretário de Estado do Orçamento durante 5 anos.

Sexto, enquanto Ministro das Finanças, Mário Centeno foi autor de uma série de dossiês que vão continuar na alçada do Banco de Portugal, tais como a venda do Novo Banco, a injeção de capital na Caixa Geral de Depósitos, o concebimento de créditos fiscais no Montepio.

E podíamos continuar porque, infelizmente, não faltam provas de que Mário Centeno não é a pessoa indicada para ocupar este cargo, pelo menos neste momento. O argumento de que pode pedir escusa sempre que esteja numa situação em que a sua independência não é garantida, não é minimamente aceitável. Vamos atravessar uma crise económica sem precedentes, precisamos de uma governação forte no Banco de Portugal. Se Centeno não era o Ministro das Finanças que Portugal necessita (porque não sabe governar sem dinheiro), muito menos é o Governador do Banco de Portugal que os Portugueses precisam.

Espero que a providência cautelar que a Iniciativa Liberal apresentou produza efeito e que o PS não consiga concretizar mais um ataque ao país. Tem que haver alguém que ponha um travão neste partido que tem objetivos demasiado imperialistas quanto ao nosso país e que se prepara para, com a ajuda do Dr. Rio, monopolizar todas as instituições e tornar o PS no Big Brother Português.

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