O ´Fake`desconfinamento do Dr. Costa

Pressionado por todos, menos pelo Professor Marcelo, claro, que até estava sossegado no Vaticano num mundo sem Covid, o Sr. Primeiro-ministro apresentou um plano de desconfinamento atabalhoado e, já que estamos numa de expressões, para além de “a conta gotas” foi “tapa olhos”. “Conta gotas” porque andamos até Maio a abrir agora isto e depois aquilo enquanto os Portugueses já começaram a desconfinar pelo menos uma semana antes do Governo. “Tapa olhos” porque, até 5 de Abril, nada muda. Ora o desconfinamento iniciou-se a 15 de Março e só passado quase um mês é que começa realmente a abrir o país. Isto foi uma espécie de solução “catch all”, não incomoda muito os fervorosos defensores do confinamento porque é leve e gradual e, ao mesmo tempo,  acalma os que precisam de desconfinar porque representa uma janela de esperança apesar de ser uma janela desfocada e turva.

Evidentemente que é necessária cautela e não podemos, de um dia para o outro, levantar todas as restrições que existem mas a lentidão com que este desconfinamento está a ser levado a cabo vai ter consequências incalculáveis por várias razões. Primeiro porque não podemos continuar a pedir aos comerciantes, aos proprietários de cafés, restaurantes, bares e lojas em centros comerciais, cuja renda é logicamente mais elevada, que se mantenham fechados até 19 de Abril porque sejamos honestos, as vendas ao postigo e à esplanada não pagam rendas nem salários. Em segundo lugar, com estas datas demasiado desfasadas, passado um ano de pandemia e passados mais de 2 meses só este ano fechados, os Portugueses vão desconfinar de uma forma desordenada e ignorando algumas regras essenciais, como já se tem visto a acontecer.

Este desconfianmeto devia ser mais ambicioso, mas para isso, devia estar também acompanhado de uma campanha de testagem massiva e de uma rede de rastreio eficaz, que fosse capaz de detetar e isolar os infectados e os contactos de risco e que desse a possibilidade de, depois de terminado o isolamento, as pessoas em questão fazerem um teste de modo a saber se já estão negativas porque, sem esse teste, não conseguimos garantir que não estejamos a “libertar” pessoas infectadas.

Por fim, estamos a abrir um precedente perigoso porque estamos a dar demasiados poderes ao Governo durante demasiado tempo e estamos a aceitar levianamente ser tratados como criminosos por sairmos de casa às horas que o Governo não quer, por bebermos na rua o que o Governo não quer e por circularmos onde o Governo não quer, às horas e aos dias em que o Governo não quer.

Espero sinceramente que, quando ultrapassada a pandemia, as restrições sejam totalmente abolidas e não se inventem pretextos para continuar a limitar horários de funcionamento de estabelecimentos, restringir consumos na via pública e controlar deslocações. Não confio neste Governo nem me satisfaz minimamente que ele tenha descoberto que pode adquirir todos estes poderes através de uma figura constitucional (apesar de, no meu ponto de vista, este Estado de Emergência não ser totalmente constitucional).

Tomás Pereira – Coordenador de comunicação e juventude do núcleo de Aveiro da Iniciativa Liberal 

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